Uma aventura nem tão grande assim

Oi pessoal! Hoje foi meu primeiro dia de aula! E se estou aparecendo por aqui agora é porque estou viva para contar! HEHE
Hoje acordei mais cedo. Eu precisava deixar o Leo na escola antes das 8h senão eu não chegaria na minha escola em tempo, afinal eu teria que pegar um taxi e + o trem para chegar lá...
Mas quase que não apareço por aqui mesmo, sorte que meu anjo da guarda é poderoso e cuida muito de mim! Por quê?
Ah, porque na ida eu peguei um taxi onde o motorista era camicase! Ele dava umas aceleradas que quase me derrubaram do banco! Ele quase bateu taxi em um carro quando foi virar a direita, quase derrubou uma passageira – juro que não era eu – porque não viu ela entrando no veiculo e ainda por cima foi parado pela polícia!
Ah, e quando eu entrei no taxi havia um cara, que no meu conceito era branco, mas pelo que eu entendi do Apartheid ele seria color – uma pessoa que tem ascendência negra e branca. O que me contaram é que era o governo quem decidia se a pessoa era branca, negra ou color fazendo alguns testes. Um dos testes era chamado de teste do lápis. Esse teste consistia em colocar um lápis no meio dos cabelos da pessoa: se o lápis caísse você era branco, se não você era negro ou color. Então eu acho que esse cara seria color porque ele tinha cabelo pixaim!
Depois que cheguei na estação do trem de Retreat eu vi a minha “salvação”! O ônibus – Golden Arrow – que a diretora da escola havia dito para a Claudia que ela usava no lugar do trem!
Não tive dúvidas: entrei no ônibus sem saber direito quanto tempo demorava, quanto custava e nem onde descer! Perguntei para a motorista – sim, A motorista, uma mulher – quanto tempo demorava e ela falou que não sabia, que dependia do trânsito. Poxa, isso eu sei, mas eu queria uma estimativa e não sabia falar isso em inglês! Confesso que nessas horas me sinto completamente impotente! É horrível!
Eu já estava disposta a ir nesse ônibus, independente do tempo de percurso, pois todos os passageiros eram brancos e eu não me senti como uma pessoa com duas cabeças. Mas como meu anjo da guarda sempre me ajuda, um rapaz que estava atrás de mim na fila me disse que o ônibus chegaria em Claremont em aproximadamente 20 minutos. Eu paguei minha passagem e entrei no ônibus. O moço veio e sentou perto de mim e novamente eu não tive dúvidas: saquei meu melhor inglês, afinal ele havia sido muito educado comigo, e pedi para ele me ajudar a descer onde eu precisava! Ele me ajudou! Cheguei na escolas 15 minutos antes do início da aula!

A escola! Bom, como eu acho que já falei a escola é bem simples, mas é o que eu tenho por enquanto. Na minha turma tinha pouco mais de 10 alunos, alguns do Congo, outros de Angola, da Coréia do Sul, acho que tinha um da China e os demais eu ainda não sei. Gostei da professora, ela parece atenciosa. Mas o que me broxou é que uma menina de Angola já grudou em mim! Nada contra, mas é que em Angola eles também falam português. E adivinha como ele fala comigo? Em português, claro! Ela está aqui há mais de 6 meses e não entende nada de inglês! Poxa, quero ir pra escola pra falar inglês e não português! Ainda não sei como dispensá-la, mas vou fazer! Além do mais ela fica o tempo todo falando das novelas brasileiras e falando mal do Brasil... Ela acha que sabe mais do Brasil do que eu! Definitivamente eu não mereço isso!
Enfim! Após o termino da aula a maluca queria que eu fosse bater perna com ela! Me chamou para ficar na casa dela e talz... Confesso que eu não fiquei a vontade com isso! Me convidou até para passar o Natal com ela! Nem morta! Além do mais no Natal vamos para Johannesburg na casa de uma amiga da Claudia! Vai ser bem legal e eu vou poder treinar mais meu inglês!
Mas retomando: a menina foi comigo até o ponto de ônibus e ficou lá até o ônibus chegar.
Pegue o ônibus, dessa vez haviam mais negros, cerca de 30 a 40% dos passageiros e fui até Retreat. Peguei outro taxi, pela primeira vez havia uma pessoa branca dentro do taxi! E dessa vez o motorista era mais tranqüilo, mas não tinha como não ser! O taxi estava caindo aos pedaços! Faltava partes daquele tecido que reveste o teto, não tinha assoalho, a porta era aberta por uma emenda feita com fios de ferro – não sei o nome disso – e haviam muitos fios elétricos soltos no chão...
Mas cheguei bem e viva em casa!
Terça-feira que vem tem mais!

#VaiCarol