Robben Island

A Susan chegou na quarta a noite e me disse que sairíamos de casa, na quinta, às 9h. Acordei às 8h e o Leo junto comigo – ele veio para o meu quarto no meu da noite, pra variar – quando eu levantei a Claudia já havia saído para o trabalho, a Caroline já estava em casa e a Susan já estava usando o banheiro. Voltei pra cama e falei que o Leo podia ficar deitado se quisesse.
Levantei de novo uns 10 minutos depois e fui pro banheiro... Saindo de lá já peguei o Leo no caminho, troquei a roupa dele, me troquei e descemos. A Caroline já estava fazendo o serviço dela e falamos bom dia! Agora eu acostumei a sempre escrever uma cartinha pra ela, então fiz isso, mas a cartinha de hoje era só agradecendo por ela ficar com o Leo pra eu passear.

Saímos no horário combinado, mas nosso passeio era só as 11h, eu sabia que chegaríamos lá bem cedo, mas achei melhor não falar nada para não parecer que eu estava reclamando. Chegando em Waterfront (sim, o acesso para Robben Island é por Waterfront) passamos no local da partida do navio e ainda tínhamos uns 45 minutos até o começo do embarque. A Susan quis dar uma volta e acabamos parando no Mac Donalds. Ela comprou o café da manhã deles, eu não quis nada.
Voltamos para o embarque e era um barco enorme. Parece um Iate, mas muito maior que um Iate realmente e sinceramente eu não sei dizer quantas pessoas estavam lá dentro.


A viagem até a ilha dura em torno de 30 minutos e é lindo ver a cidade se tornando distante, poder visualizar a beleza da Table Mountain e ver a ilha chegando cada vez mais perto.


Chegando lá pegamos um ônibus com um guia, o ônibus vai rodando toda a ilha e ele vai nos mostrando os lugares “históricos” da ilha. O guia era legal, ele ia perguntando aleatoriamente pras pessoas qual a nacionalidade e para cada nacionalidade ele contava uma história vinculada à ilha. E, claro, que ele perguntou pra mim e ele falou que o ônibus que a gente estava – Marcopolo – foi produzido no Brasil e ainda me zuou falando que a porta não funcionava direito.


FOTO 1: vista externa do presídio principal;
FOTO 2: antes de se tornar uma prisão Robben Island era um grande “hospital” para doentes de lepra e tuberculose e as pessoas eram enviadas para morrer lá. Esse é um dos cemitérios daquela época. Aliás, o guia contou algumas histórias tristes daquele tempo;
FOTO 3: como o guia intitulou “a menor prisão do mundo”, nesse lugar um homem ficou preso por quase 20 anos, sozinho e proibido de falar com qualquer pessoa. O governo tinha medo dele porque ele era um dos lideres que lutou para o fim do Apartheid. Quando ele saiu da prisão ele tinha problemas nas cordas vocais e não conseguia mais falar.
FOTO 4: a casa do “governador da ilha”;
FOTO 5: a ilha também foi usada como ponto estratégico na Segunda Guerra, antes de ser “hospital” e tem várias armas como essa espalhadas por todo lado. A grande ironia é que nunca nenhum tiro foi disparado de lá.

Depois de uma volta na ilha dentro do ônibus, fomos conhecer a prisão com outro guia. Esse foi um dos muitos presos políticos em Robben Island, ele contou algumas histórias, mas o inglês dele era tão ruim que nem a Susan estava entendendo! Eu perguntei pra ele qual a língua materna dele e ele me disse que é Xhosa, o que explica o péssimo inglês deles – a maioria das pessoas que falam Xhosa tem dificuldade com o inglês. O passeio na prisão foi super rápido e eu comecei a passar mal logo que entramos na cela onde ele ficou preso. A coisa piorou quando ele teve que fechar a porta da cela porque havia outro guia falando em outra cela e estava atrapalhando mais ainda entender ele. Na hora que ele fechou a porta da cela me deu uma dor de cabeça terrível, completamente inexplicável – ta quem me conhece sabe que eu sou super sensível a pessoas e lugares, em especial lugares onde houve muito sofrimento.


Passamos por alguns lugares dentro da prisão, inclusive a cela do Mandela.


E voltamos pro barco. Eu senti que toda a minha energia foi drenada naquele lugar, eu estava tão exausta que simplesmente encostei no banco onde estava sentada e dormi quase toda a viagem de volta. Confesso que eu esperava um pouco mais do passeio, queria descer do ônibus, passear pelos lugares, sentir as coisas, mas por outro lado foi bom não fazer isso porque eu acho, sinceramente, que eu não iria conseguir terminar o passeio. O “ar” na ilha é muito pesado e a sensação de tristeza e sofrimento ainda é muito forte por lá.

Depois que voltamos pra Walterfront a Susan queria comer um hambúrguer de avestruz e estávamos procurando um lugar que tivesse um cardápio vegetariano razoável e o bendido hambúrguer. Eu acabei encontrando o Subway e comprei meu lanche por lá. A Susan encontrou o restaurante dele – um lugar super chique – e eu peguei meu lanchinho humilde e fui sentar com ela. Conversamos bastante, me diverti pra caramba.


Chegamos em casa em torno das 5h da tarde e a Caroline estava com o Leo pra mim! Ela realmente é uma das melhores pessoas que eu já conheci em toda a minha vida.

#VaiCarol

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