O céu ganhou uma estrela
De todos os momentos que eu passei aqui em South Africa esse, com certeza, é o mais doloroso de todos. Meu amigo, mais do que especial, Richard Augustto faleceu ontem, 16/04/2012, deixando nosso mundo menos colorido e menos divertido.
Eu já sabia que ele estava doente e internado com um problema bem sério há uma semana e embora eu tente negar eu senti, no momento em que fiquei sabendo que ele estava internado, que ele não ia conseguir me esperar voltar pra gente se ver. E realmente aconteceu.
Chorei muito ontem a noite e, pra piorar, a Claudia está viajando a trabalho, então estou sozinha com o Leo e ontem ele falava pra mim: “Carol, por que você está chorando?”; “não fica triste, Carol, não gosto de ver você triste.” Ele é muito sensível com relação aos sentimentos das outras pessoas, mas isso só me fazia chorar mais... Ver esse pequenininho que não completou nem 5 anos ainda preocupado comigo derreteu meu coração.
Dormimos no meu quarto e hoje de manhã ele estava super de mau humor, eu já havia decidido que não ia pra minha escola, estava sem condições de ver gente e explicar a minha cara inchada de tanto chorar. Então acordei ele e fui acalmando ele na medida do possível, afinal eu não estava bem. Geralmente eu tiro de letra o mau humor matinal dele, mas hoje foi foda. A Caroline chegou e ele falou que queria que eu o levasse pra escola, levei. Voltei, conversei um pouco com ela, mas eu realmente precisava ficar sozinha, então fui até um mercado aqui perto de casa e encontrei um dos motoristas dos marines – o que estava na balada com a gente na sexta. Ficamos conversando e ele me alegrou um pouco, o mais curioso de tudo é que quando a gente se encontrou claro que ele notou a minha cara de choro e perguntou o que havia, eu contei pra ele e falei que estava lá pra comprar uma Coca. Ele ligou pro chefe dele no consulado e disse que encontrou uma moça muito bonita lá no mercado e que eu estava triste e precisando de uma coca e de conversar com alguém, e acho que o chefe dele perguntou se era verdade porque ele respondeu: “course I’m seriusly!” Ele comprou energético pra gente, sentamos em uma mesinha e ficamos conversando. Falamos sobre a balada na sexta, ele me contou algumas histórias engraçadas, falamos sobre família e amigos. Ele conseguiu me distrair e me deixar um pouco menos triste. E junto com os energéticos ele comprou Jelly Tots pra mim (uma espécie de balinha de goma, mas em formato de patas de animais) e disse que eram os melhores doces do universo e que sempre que ele estava triste ele comia esse doce e se sentia melhor.
Depois voltei com ele até o consulado e segui meu caminho para o nosso condomínio, mas como eu ainda tinha algum tempo fui pro parque aqui perto de casa – esse era meu plano inicial: comprar um refrigerante, ir pro parque, deitar na grama e ficar escutando Legião no meu MP3 – e fiz isso, mas com o Jelly Tots e não com a Coca. Só que meu MP3, não os fones, não colaboraram muito. Os fones do MP3 quebraram e eu tentei os fones do celular, o som estava horrível! Tentei de tudo, até que na hora que eu estava indo embora decidi apertar o botão do microfone e o som ficou ótimo! Mas confesso que é um saco ficar apertando esse botão o tempo todo.
Voltei pra casa me sentindo bem melhor. Ainda penso no Richard com tristeza, mas pelo menos não chorei novamente. Não acredito que eu não vá mais chorar, mas pelo menos agora eu estou me sentindo um pouco mais leve e menos culpada. Vocês podem se perguntar culpada do quê? De coisas simples como não ter tido tempo de conhecê-lo pessoalmente, não dizer pra ele o que significa wacka-wacka e nunca ter falado para ele o quanto ele foi importante e me ajudou em um momento muito delicado da minha vida. Mas tenho certeza que pelo menos essa última parte ele sabia.
Hoje o mundo ficou mais sem graça e perdeu um pouco de cor, mas tenho certeza que o Richard está olhando para nós e tirando o maior sarro das nossas lágrimas. Registro aqui a minha pequena homenagem a uma pessoa singular que sabia melhor do que ninguém como fazer um amigo sorrir.
Eu já sabia que ele estava doente e internado com um problema bem sério há uma semana e embora eu tente negar eu senti, no momento em que fiquei sabendo que ele estava internado, que ele não ia conseguir me esperar voltar pra gente se ver. E realmente aconteceu.
Chorei muito ontem a noite e, pra piorar, a Claudia está viajando a trabalho, então estou sozinha com o Leo e ontem ele falava pra mim: “Carol, por que você está chorando?”; “não fica triste, Carol, não gosto de ver você triste.” Ele é muito sensível com relação aos sentimentos das outras pessoas, mas isso só me fazia chorar mais... Ver esse pequenininho que não completou nem 5 anos ainda preocupado comigo derreteu meu coração.
Dormimos no meu quarto e hoje de manhã ele estava super de mau humor, eu já havia decidido que não ia pra minha escola, estava sem condições de ver gente e explicar a minha cara inchada de tanto chorar. Então acordei ele e fui acalmando ele na medida do possível, afinal eu não estava bem. Geralmente eu tiro de letra o mau humor matinal dele, mas hoje foi foda. A Caroline chegou e ele falou que queria que eu o levasse pra escola, levei. Voltei, conversei um pouco com ela, mas eu realmente precisava ficar sozinha, então fui até um mercado aqui perto de casa e encontrei um dos motoristas dos marines – o que estava na balada com a gente na sexta. Ficamos conversando e ele me alegrou um pouco, o mais curioso de tudo é que quando a gente se encontrou claro que ele notou a minha cara de choro e perguntou o que havia, eu contei pra ele e falei que estava lá pra comprar uma Coca. Ele ligou pro chefe dele no consulado e disse que encontrou uma moça muito bonita lá no mercado e que eu estava triste e precisando de uma coca e de conversar com alguém, e acho que o chefe dele perguntou se era verdade porque ele respondeu: “course I’m seriusly!” Ele comprou energético pra gente, sentamos em uma mesinha e ficamos conversando. Falamos sobre a balada na sexta, ele me contou algumas histórias engraçadas, falamos sobre família e amigos. Ele conseguiu me distrair e me deixar um pouco menos triste. E junto com os energéticos ele comprou Jelly Tots pra mim (uma espécie de balinha de goma, mas em formato de patas de animais) e disse que eram os melhores doces do universo e que sempre que ele estava triste ele comia esse doce e se sentia melhor.
Depois voltei com ele até o consulado e segui meu caminho para o nosso condomínio, mas como eu ainda tinha algum tempo fui pro parque aqui perto de casa – esse era meu plano inicial: comprar um refrigerante, ir pro parque, deitar na grama e ficar escutando Legião no meu MP3 – e fiz isso, mas com o Jelly Tots e não com a Coca. Só que meu MP3, não os fones, não colaboraram muito. Os fones do MP3 quebraram e eu tentei os fones do celular, o som estava horrível! Tentei de tudo, até que na hora que eu estava indo embora decidi apertar o botão do microfone e o som ficou ótimo! Mas confesso que é um saco ficar apertando esse botão o tempo todo.
Voltei pra casa me sentindo bem melhor. Ainda penso no Richard com tristeza, mas pelo menos não chorei novamente. Não acredito que eu não vá mais chorar, mas pelo menos agora eu estou me sentindo um pouco mais leve e menos culpada. Vocês podem se perguntar culpada do quê? De coisas simples como não ter tido tempo de conhecê-lo pessoalmente, não dizer pra ele o que significa wacka-wacka e nunca ter falado para ele o quanto ele foi importante e me ajudou em um momento muito delicado da minha vida. Mas tenho certeza que pelo menos essa última parte ele sabia.
Hoje o mundo ficou mais sem graça e perdeu um pouco de cor, mas tenho certeza que o Richard está olhando para nós e tirando o maior sarro das nossas lágrimas. Registro aqui a minha pequena homenagem a uma pessoa singular que sabia melhor do que ninguém como fazer um amigo sorrir.
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