Último fim de semana em San Francisco
E muito bem aproveitado! Acordei no domingo e fui às compras! Desci até a Market Street e comprei os tênis pra minha sobrinha e cunhada que meu irmão havia encomendado. Voltei pra casa, deixei tudo por lá e fui pro ponto de ônibus. Chegou o grande dia de passear pela Golden Gate Bridge!
Dados técnicos: A Golden Gate Bridge é uma ponte pênsil. Com 2.737 metros de comprimento total, incluindo os acessos, e 1.966 metros de comprimento suspenso, sendo a distância entre as duas torres de 1.280 metros. Estas torres de suspensão, por sua vez, erguem-se a 227 metros acima do nível do mar, suportando os cabos que, nas pontes com esta arquitetura, suportam o tabuleiro suspenso. Isto significa que os dois cabos principais que a suportam têm de estar preparados para suportar todo o peso do tabuleiro e dos cabos que partem dos cabos principais. Cada um destes, por conseguinte, tem um diâmetro de 92 centímetros, sendo formado por 27.572 cabos menores.¹
A Claudia tinha me ajudado com a rota do ônibus e descobrimos uma linha especial que vai direto de onde estávamos até a ponte. Fui pro ponto e o ônibus atrasou uns 15 minutos... Quando eu estava desistindo ele apareceu! Entrei no ônibus e lá fui eu pra ponte. Quando chegou no último ponto antes da ponte eu ainda perguntei pro motorista se era lá mesmo, ele foi meio grosseiro dizendo que o ônibus ia passar pela ponte, mas eu insisti que queria ir a pé, então ele me falou que era aquele ponto. Desci e foi uma das melhores experiências da minha vida (já falei isso aqui, num falei?)
Chegando por lá eu não sabia direito pra que lado ir, então decidi entrar em uma lojinha por lá e perguntar, um carinha super simpático me atendeu e me mandou seguir por um determinado caminho. Ele me falou que em torno de 25 minutos eu chegaria na primeira torre. O dia estava com muita neblina, mas aparentemente a neblina estava se dissipando e a gente começava a ver a ponte. Segui o caminho indicado por ele. A vista é linda, depois de pouco andar já dá pra ver a ponte e ela estava com aquela imagem de cartão postal, com neblina cobrindo a ponta das torres, lindo!
Mas tava muito frio! Frio demais, tanto que fechei o zíper da minha jaqueta e coloquei a touca... Segui andando e a primeira torre não parecia tão longe...
Momento dos parênteses: logo que cheguei em San Francisco a Claudia comprou um DVD sobre a Golden Gate Bridge. Não exatamente sobre a ponte, mas sobre as pessoas que usam a ponte pra se suicidar. Trata-se de um documentário filmado na ponte em 2004 que confirmou que 1 pessoa se suicida pulando da Golden Gate a cada 15 dias. Esse documentário entrevistou familiares e amigos das pessoas que foram filmadas. Uma das pessoas sobreviveu e também foi entrevistada.
Segundo o documentário, a média de suicídios na ponte vem crescendo anualmente e todos os anos são retiradas em torno de 100 pessoas suspeitas de tentar suicídio.
E logo que entrei na ponte comecei a notar as pessoas ao meu redor, percebi que todos estavam empolgados, com câmeras fotográficas e filmadoras e mesmo as pessoas sozinhas como eu tinham um sorriso no rosto e mostravam orgulho de estar atravessando a pé uma que já foi a maior ponte suspensa do mundo. Mas no meio de todo esse povo um rapaz me chamou a atenção. Ele não parecia excitado ou feliz e nem tinha uma câmera fotográfica. Ele parecia, pra dizer o mínimo, nostálgico.
Confesso que tive vontade de me aproximar, mas o que eu deveria falar? “Então, desculpa, mas você ta pensando em pular da ponte?” Ele não estava chorando e talvez ele só tivesse um pouco triste e foi lá pra espairecer... Tá, um lugar estranho pra espairecer, mas tirando a parte que as pessoas pulam da ponte pra se suicidar, é tudo muito lindo. Você se sente livre, em contato com a natureza e a vista é espetacular. Além do mais ele poderia só estar entediado esperando alguém, não sei...
Mas ainda falando dos suicídios, a coisa é tão séria que durante todo o trajeto há telefones para quem pensa em pular da ponte pra conversar com um conselheiro. Além disso não há nada que impeça a pessoa de pular.
O trajeto é lotado de pessoas e bicicletas, as pessoas se oferecem pra tirar fotos de você, pedem pra você tirar fotos delas é bem legal. E você vê todo tipo de pessoas, desde casais com bebês e crianças até velhinhos que poderiam ser meus avós. Há famílias inteiras passeando pela ponte, é muito interessante.
Depois de passar pelo rapaz eu segui meu caminho e ainda o vi algumas vezes em cima da ponte. Em alguns momentos ele passava por mim, em outros eu passava por ele. Tentei prestar atenção nele o máximo que eu pude, mas não achei legal ficar seguindo ele o tempo todo. Quando eu cheguei na primeira torre, parei para tirar algumas fotos e vi o rapaz novamente, ele passou por mim.
Nesse momento, embora com um pouco de neblina, ainda era possível ver a baía de San Francisco e a ilha de Alcatraz.
Não sei quanto tempo durou o passeio e, pra ser sincera, não me interessava em quanto tempo eu percorreria a ponte. Sei que curti demais. Em alguns momentos eu simplesmente parava para apreciar a beleza do lugar, a imensidão do nosso mundo, a audácia humana com a construção dessa ponte e a coragem (ou covardia) de algumas pessoas que vão até lá para se suicidar.
Olhando de cima não parece tão alto, mas de acordo com o que eu vi no filme e pesquisei na internet 98% das pessoas que pulam da ponte morrem na queda. E se você não morrer na queda há um grande risco de morrer de hipotermia porque a água é muito gelada ou de ser devorado por tubarões. Quem pula da ponte e sai vivo pra contar a história nunca mais vai tentar se suicidar de novo.
Sei que o tempo foi esfriando. O vento ficando mais gelado e cada vez mais que eu me afastava de San Francisco em direção à Salsalito a neblina ia aumentando atrás de mim. O engraçado é que olhando na direção de San Francisco já não dava para ver mais nada, até Alcatraz ficou encoberta pela neblina, mas a vista para Salsalito estava limpa. Era possível ver a bahia de Salsalito, os barquinhos velejando, o povo praticando windsurf... Agora, olhando as fotos que eu tirei nem parece que foram tiradas no mesmo dia...
A segunda torre estava completamente limpa, sem nenhum sinal de neblina e embora ventasse muito, não parecia tão frio. Tinha até um belo sol brilhando no céu pra espantar o frio.
Quando cheguei ao final da ponte em direção a Salsalito eu até pensei em continuar andando e depois fazer o caminho de volta com uma balsa – é o que as pessoas fazem quando atravessam de bicicleta. Mas eu não estava a fim de gastar essa grana, nem tem nada tão interessante assim pra ver em Salsalito e a aparentemente a neblina do lado de San Francisco estava ficando mais densa, então não ia dar pra aproveitar o passeio na balsa. Ah! O mais importante: minha câmera estava quase sem bateria...
Confesso que depois que cheguei no final da ponte eu estava com muito frio e com um pouco de dor nos pés que nem pensei mais no rapaz triste. A última vez que o vi foi mais ou menos no meio da ponte, quando eu passei por ele. E como eu havia decidido não voltar de balsa, o único jeito era retornar a pé. Retomei meu caminho, tirando mais algumas fotos e parando pra apreciar a vista...
Mas quanto mais eu me aproximava da primeira torre e da baía de San Francisco, mais frio ia ficando... Na volta a neblina havia encoberto toda a primeira torre e ela estava tão densa que era possível vê-la, parecia nuvem... E a neblina se condensava e pingavam gotas de água no chão, parecia que estava chovendo!
Na volta também vi dois navios cargueiros passando por debaixo da ponte e alguns barcos da polícia circulando embaixo da ponte. No momento não associei esses barcos a nada mais grave, achei que era por causa da neblina, pra cuidar que os barcos passassem no lugar certo e que não atropelasse nenhum maluco que fazia windsurf. Mas quando cheguei em casa e contei pra Claudia e pro Bow a respeito do rapaz triste e dos barcos eles me disseram que os barcos da polícia só circulam a ponte quando alguém pula. E pra me consolar disseram que poderia ter sido qualquer pessoa, mas na minha cabeça foi aquele rapaz.
Mas antes de terminar meu passeio na ponte, vi uma grade com alguns cadeados... Aparentemente é para escrever o nome do casal e pendurar lá... Não sei o significado, mas provavelmente deve ser relacionar o amor do casal com relação à estrutura da ponte ou com o tamanho, sei lá.. to chutando...
E quando terminei meu passeio corri pra primeira lojinha que eu vi e comprei um chocolate quente! Eu estava com tanto frio que nem me importei se eu ia passar mal depois ou não...
#VaiCarol
¹ FONTE: Wikipedia.
Dados técnicos: A Golden Gate Bridge é uma ponte pênsil. Com 2.737 metros de comprimento total, incluindo os acessos, e 1.966 metros de comprimento suspenso, sendo a distância entre as duas torres de 1.280 metros. Estas torres de suspensão, por sua vez, erguem-se a 227 metros acima do nível do mar, suportando os cabos que, nas pontes com esta arquitetura, suportam o tabuleiro suspenso. Isto significa que os dois cabos principais que a suportam têm de estar preparados para suportar todo o peso do tabuleiro e dos cabos que partem dos cabos principais. Cada um destes, por conseguinte, tem um diâmetro de 92 centímetros, sendo formado por 27.572 cabos menores.¹
A Claudia tinha me ajudado com a rota do ônibus e descobrimos uma linha especial que vai direto de onde estávamos até a ponte. Fui pro ponto e o ônibus atrasou uns 15 minutos... Quando eu estava desistindo ele apareceu! Entrei no ônibus e lá fui eu pra ponte. Quando chegou no último ponto antes da ponte eu ainda perguntei pro motorista se era lá mesmo, ele foi meio grosseiro dizendo que o ônibus ia passar pela ponte, mas eu insisti que queria ir a pé, então ele me falou que era aquele ponto. Desci e foi uma das melhores experiências da minha vida (já falei isso aqui, num falei?)
Chegando por lá eu não sabia direito pra que lado ir, então decidi entrar em uma lojinha por lá e perguntar, um carinha super simpático me atendeu e me mandou seguir por um determinado caminho. Ele me falou que em torno de 25 minutos eu chegaria na primeira torre. O dia estava com muita neblina, mas aparentemente a neblina estava se dissipando e a gente começava a ver a ponte. Segui o caminho indicado por ele. A vista é linda, depois de pouco andar já dá pra ver a ponte e ela estava com aquela imagem de cartão postal, com neblina cobrindo a ponta das torres, lindo!
Mas tava muito frio! Frio demais, tanto que fechei o zíper da minha jaqueta e coloquei a touca... Segui andando e a primeira torre não parecia tão longe...
Momento dos parênteses: logo que cheguei em San Francisco a Claudia comprou um DVD sobre a Golden Gate Bridge. Não exatamente sobre a ponte, mas sobre as pessoas que usam a ponte pra se suicidar. Trata-se de um documentário filmado na ponte em 2004 que confirmou que 1 pessoa se suicida pulando da Golden Gate a cada 15 dias. Esse documentário entrevistou familiares e amigos das pessoas que foram filmadas. Uma das pessoas sobreviveu e também foi entrevistada.
Segundo o documentário, a média de suicídios na ponte vem crescendo anualmente e todos os anos são retiradas em torno de 100 pessoas suspeitas de tentar suicídio.
E logo que entrei na ponte comecei a notar as pessoas ao meu redor, percebi que todos estavam empolgados, com câmeras fotográficas e filmadoras e mesmo as pessoas sozinhas como eu tinham um sorriso no rosto e mostravam orgulho de estar atravessando a pé uma que já foi a maior ponte suspensa do mundo. Mas no meio de todo esse povo um rapaz me chamou a atenção. Ele não parecia excitado ou feliz e nem tinha uma câmera fotográfica. Ele parecia, pra dizer o mínimo, nostálgico.
Confesso que tive vontade de me aproximar, mas o que eu deveria falar? “Então, desculpa, mas você ta pensando em pular da ponte?” Ele não estava chorando e talvez ele só tivesse um pouco triste e foi lá pra espairecer... Tá, um lugar estranho pra espairecer, mas tirando a parte que as pessoas pulam da ponte pra se suicidar, é tudo muito lindo. Você se sente livre, em contato com a natureza e a vista é espetacular. Além do mais ele poderia só estar entediado esperando alguém, não sei...
Mas ainda falando dos suicídios, a coisa é tão séria que durante todo o trajeto há telefones para quem pensa em pular da ponte pra conversar com um conselheiro. Além disso não há nada que impeça a pessoa de pular.
O trajeto é lotado de pessoas e bicicletas, as pessoas se oferecem pra tirar fotos de você, pedem pra você tirar fotos delas é bem legal. E você vê todo tipo de pessoas, desde casais com bebês e crianças até velhinhos que poderiam ser meus avós. Há famílias inteiras passeando pela ponte, é muito interessante.
Depois de passar pelo rapaz eu segui meu caminho e ainda o vi algumas vezes em cima da ponte. Em alguns momentos ele passava por mim, em outros eu passava por ele. Tentei prestar atenção nele o máximo que eu pude, mas não achei legal ficar seguindo ele o tempo todo. Quando eu cheguei na primeira torre, parei para tirar algumas fotos e vi o rapaz novamente, ele passou por mim.
Nesse momento, embora com um pouco de neblina, ainda era possível ver a baía de San Francisco e a ilha de Alcatraz.
Não sei quanto tempo durou o passeio e, pra ser sincera, não me interessava em quanto tempo eu percorreria a ponte. Sei que curti demais. Em alguns momentos eu simplesmente parava para apreciar a beleza do lugar, a imensidão do nosso mundo, a audácia humana com a construção dessa ponte e a coragem (ou covardia) de algumas pessoas que vão até lá para se suicidar.
Olhando de cima não parece tão alto, mas de acordo com o que eu vi no filme e pesquisei na internet 98% das pessoas que pulam da ponte morrem na queda. E se você não morrer na queda há um grande risco de morrer de hipotermia porque a água é muito gelada ou de ser devorado por tubarões. Quem pula da ponte e sai vivo pra contar a história nunca mais vai tentar se suicidar de novo.
Sei que o tempo foi esfriando. O vento ficando mais gelado e cada vez mais que eu me afastava de San Francisco em direção à Salsalito a neblina ia aumentando atrás de mim. O engraçado é que olhando na direção de San Francisco já não dava para ver mais nada, até Alcatraz ficou encoberta pela neblina, mas a vista para Salsalito estava limpa. Era possível ver a bahia de Salsalito, os barquinhos velejando, o povo praticando windsurf... Agora, olhando as fotos que eu tirei nem parece que foram tiradas no mesmo dia...
A segunda torre estava completamente limpa, sem nenhum sinal de neblina e embora ventasse muito, não parecia tão frio. Tinha até um belo sol brilhando no céu pra espantar o frio.
Quando cheguei ao final da ponte em direção a Salsalito eu até pensei em continuar andando e depois fazer o caminho de volta com uma balsa – é o que as pessoas fazem quando atravessam de bicicleta. Mas eu não estava a fim de gastar essa grana, nem tem nada tão interessante assim pra ver em Salsalito e a aparentemente a neblina do lado de San Francisco estava ficando mais densa, então não ia dar pra aproveitar o passeio na balsa. Ah! O mais importante: minha câmera estava quase sem bateria...
Confesso que depois que cheguei no final da ponte eu estava com muito frio e com um pouco de dor nos pés que nem pensei mais no rapaz triste. A última vez que o vi foi mais ou menos no meio da ponte, quando eu passei por ele. E como eu havia decidido não voltar de balsa, o único jeito era retornar a pé. Retomei meu caminho, tirando mais algumas fotos e parando pra apreciar a vista...
Mas quanto mais eu me aproximava da primeira torre e da baía de San Francisco, mais frio ia ficando... Na volta a neblina havia encoberto toda a primeira torre e ela estava tão densa que era possível vê-la, parecia nuvem... E a neblina se condensava e pingavam gotas de água no chão, parecia que estava chovendo!
Na volta também vi dois navios cargueiros passando por debaixo da ponte e alguns barcos da polícia circulando embaixo da ponte. No momento não associei esses barcos a nada mais grave, achei que era por causa da neblina, pra cuidar que os barcos passassem no lugar certo e que não atropelasse nenhum maluco que fazia windsurf. Mas quando cheguei em casa e contei pra Claudia e pro Bow a respeito do rapaz triste e dos barcos eles me disseram que os barcos da polícia só circulam a ponte quando alguém pula. E pra me consolar disseram que poderia ter sido qualquer pessoa, mas na minha cabeça foi aquele rapaz.
Mas antes de terminar meu passeio na ponte, vi uma grade com alguns cadeados... Aparentemente é para escrever o nome do casal e pendurar lá... Não sei o significado, mas provavelmente deve ser relacionar o amor do casal com relação à estrutura da ponte ou com o tamanho, sei lá.. to chutando...
E quando terminei meu passeio corri pra primeira lojinha que eu vi e comprei um chocolate quente! Eu estava com tanto frio que nem me importei se eu ia passar mal depois ou não...
#VaiCarol
¹ FONTE: Wikipedia.
Caracoles, não imaginei que fosse TÃO ALTO LÁ DE CIMA!!! Imagine que tem gente, funcionários da manutenção da ponte, que sobem as torres regularmente até lá em cimão! Só de pensar me gela a alma....
ResponderExcluirE a história dos cadeados é essa mesma. Superstição pra uns, brincadeira pra outros, mas diz a lenda que os casais que fazem isso viverão felizes para sempre... ou pelo menos enquanto o cadeado estiver por lá !!
Uma curiosidade sobre os cadeados: Tem uma ponte beeem antiga na Europa (e agora não lembro se é na Itália ou Inglaterra) onde esse costume já está causando problemas: A administração local pensa em proibir que mais cadeados sejam colocados pois o peso de todos juntos já está abalando a estrutura da ponte!!!
ResponderExcluirAinda bem que pra isso acontecer com a Golden Gate ainda vai demorar um pouquinho... :D
Carol, fui pesquisar na internet sobre suicidios na Golden Gate Bridge e tem até foto das pessoas se jogando, que triste, e interessante como só pulam do lado de alcatraz né. Bjuuuu
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