Uma folga extra

É, parece que o Murph realmente decidiu me fazer companhia essa semana... Ontem o voo das amigas da Claudia estava previsto para chegar as 7 e pouco da noite, então a Claudia e o Leo foram para o aeroporto para buscá-las. Mas elas perderam a conexão. Elas chegariam no próximo voo, em torno das 22h.
A Claudia voltou pra casa, jantamos e eu fui colocar o Leo pra dormir enquanto ela ia buscá-las novamente. Ela saiu sem fazer barulho para que ele não percebesse, mas é claro que ele percebeu e começou a chamar pela mãe. E eu enrolando: sua mãe ta no banheiro, sua mãe foi levar a Ruby fazer xixi, sua mãe ta dormindo... Até que ele começou a chorar... Aquele choro sentido, que vem do fundo do coraçãozinho dele. Eu não tinha muito o que fazer, então comecei a brincar com ele e tentar distraí-lo.
E aconteceu uma coisa que eu nunca imaginei que fosse acontecer. Ele me olhou sério, com os olhinhos cheios de água e falou: “Carol, agora não é hora de brincadeira. Eu estou triste.” Me cortou o coração, mas como eu não tinha remédio melhor comecei a conversar com ele, continuei com as brincadeiras e pouco mais de 1 hora depois que eu coloquei ele na cama, ele dormiu.
Desci para preparar um lanche para elas, voltei arrumei a mala do Leo e nada. Como eu já estava preocupada mandei um SMS pra Claudia. Ela me falou que elas tiveram um problema, mas já estava tudo resolvido e que elas estavam vindo pra casa.
Depois de uns 40 minutos a Claudia chegou sozinha dizendo que as amigas dela tinham se perdido. Ela falou com elas algumas vezes pelo celular e passou o caminho para elas chegarem. Elas conseguiram chegar aqui perto de casa, mas se perderam de novo. A Claudia já estava meio irritada com tudo o que aconteceu – e cansada também – e me pediu para ir encontrar com elas. Peguei o carro e lá fui eu!
Encontrei com elas em um posto de gasolina aqui perto de casa, mas foi a vez da Fátima, uma das amigas dela, estar nervosa. Ela foi tentar tirar dinheiro no caixa eletrônico e o cartão dela foi engolido pela máquina. Ficamos no posto mais tempo do que o previsto, avisei a Claudia que estávamos bem e depois de não conseguir mesmo retirar o cartão da máquina viemos pra casa.
Entre a chegada delas, o lanche e a hora de dormir, eu vim pra cama às 2h da manhã.

Hoje eu acordei pouco depois das 8:30h. Levantei para usar o banheiro e a Angela, a outra amiga da Claudia, já estava acordada. Conversamos um pouco e o Leo acordou também. Tomamos café e em torno das 11h eles saíram. Eles foram para um safári: a Claudia, o Leo, a Angela, a Fátima e a Clarinha (filha de Fátima, de 7 anos). Eu fiquei com a Ruby e o carro.
Perguntei para a Claudia se ela se importava se eu fosse de carro até o shopping pra pegar um cinema e ela falou que tudo bem, que eu podia ir.
Lá pelas 14h saí de casa. Quando cheguei no Blue Route o filme que eu queria ver, Missão Impossível, só teria sessão 17:40h. Então decidi ir para o Cavendish, o shopping perto da minha escola.
O caminho foi tranquilo: não errei em nenhum ponto, estacionei certinho e fui pro cinema. Sessão às 14:50h, OBA! O filme foi ótimo! Me diverti muito e dei boas risadas, vale a pena conferir. Fica a dica. Na saída validei o ticket do estacionamento e peguei o carro. Notei que tinha pouca gasolina e decidi parar em um posto para abastecer.

Agora um parênteses: segundo a Claudia esse carro tem vários problemas desde quando ela comprou ele. Há algumas semanas ela levou o carro para o mecânico – que cobrou uma nota preta – porque ele não ficava ligado em baixa rotação. Mas o problema retornou. Mesmo assim ele morria quando a gente parava em algum semáforo. Era só ligar o carro de novo e seguir caminho.

Hoje, no posto, depois de abastecer, quando fui dar partida no carro ele ligava, eu tentava engatar a marcha e ele morria. Tentei várias vezes e nada do carro funcionar. Liguei pra Claudia, caixa postal. Tentei mais um pouco, nada! E os frentistas me olhando com cara feia porque eu estava parada bem em frente a uma bomba de gasolina – mas ninguém se ofereceu pra empurrar o carro pra mim. Eu entrei em pânico. Além da minha habilitação eu não tinha documento nenhum – nem meu e nem do carro. Não sei número de telefone da seguradora, nada. Só tinha o telefone da Claudia e o telefone dela caía direto na caixa postal.
Foi quando eu comecei a fazer uma revisão mental das pessoas que eu conheci aqui e quem poderia me ajudar que eu lembrei da Patricia e do Celso – os primeiros brasileiros que eu conheci aqui – e eu tenho o telefone da Patrícia! Liguei pra eles!
O Celso me atendeu e veio junto com o sogro dele me socorrer. Ele também não conseguiu fazer o carro funcionar. Colocamos mais gasolina e nada. Então ele me falou pra deixar o carro lá no posto e avisar a Claudia.
Deixamos o carro lá no posto, tirei algumas fotos do carro, sob orientação do Celso e ele me deu uma carona pra casa. Tentei falar com a Claudia mais algumas vezes, mas sem sucesso. Então mandei um email pra ela explicando tudo o que aconteceu – ela acessa o email dela do celular.

Confesso que estou muito preocupada em ter deixado o carro no posto. Aqui é bem diferente do Brasil. Ninguém ajudou o Celso e o sogro dele a empurrar o carro. O frentista estava incomodado com a idéia de deixar o carro lá e eu estou com medo de que guinchem o carro por ele ficar parado lá tanto tempo... Espero que o Murph não tente me ajudar com isso...

Bom, é isso... Um dia que deveria ser de folga e agradável, acabou se tornando um dia bem preocupante. A noite entrei na net e falei com alguns amigos, mas nem comentei sobre isso pra não ficar mais chateada. Em todo caso quero registrar isso aqui no blog, pois eu prometi para mim mesma que registraria tudo o que acontece comigo aqui.

#VaiCarol